A jornada missionária do apóstolo Paulo pela Via Egnatia

São Paulo – 09/04/2023

Por Silvana Coelho

 

Muitos foram os caminhos percorridos pelo apóstolo Paulo em suas jornadas missionárias e, certamente, a Via Egnatia foi um deles.

No post anterior falamos sobre as estradas romanas, em especial a Via Ápia e sua contribuição para a propagação do Evangelho. Agora vamos dar continuidade abordando a Via Egnatia (continuação da Via Ápia) que se estendia desde Brinsidi, na Itália, até a antiga Bizâncio (atual Istambul).

Construída pelo procônsul romano Gaius Egnatius no século II a.C., a Via Egnatia teve uma importância estratégica, ligando o Ocidente ao Oriente e, com isso permitindo não apenas o comércio entre as províncias, mas também que as tropas militares do Império Romano se deslocassem com facilidade para as novas regiões conquistadas.

A estrada romana, segundo alguns pesquisadores, tinha mais de 1100 Km de extensão e começava na cidade portuária de Dirráquio (atual Durrës), atravessando as províncias romanas da Ilíria, Macedônia e Trácia, que hoje pertencem aos territórios da Albânia, Macedônia e Turquia, respectivamente.

Via Egnatia, um caminho para o apóstolo Paulo

A construção da Via Egnatia foi uma obra de engenharia desafiadora naquela época porque passava por terrenos variados e por regiões inóspitas. Eram áreas pantanosas, com depressões, colinas, desfiladeiros, montanhas e vales. Em alguns momentos seguia pela costa do Mar Egeu, atravessando a região da Trácia até chegar a Bizâncio onde hoje se localiza a moderna Istambul, na Turquia.

A Via Egnatia, por ser pavimentada, serviu como uma rota comercial importante para que o Império Romano estabelecesse seus domínios em várias regiões, promovendo o desenvolvimento econômico, cultural e artístico e, consequentemente, a prosperidade das províncias ao longo da estrada.

O apóstolo Paulo vai à Macedônia

Vamos conhecer como as jornadas missionárias passaram pela Via Egnatia. O livro de Atos (16: 6-10) diz que o apóstolo Paulo e Timóteo viajaram pela região da Galácia, mas foram impedidos pelo Espírito de pregar a Palavra na província da Ásia. Seguiram para a Bitínia, mas também foram impedidos e por isso seguiram para Trôade, atual Çanakkale, na Turquia. Durante a noite, Paulo teve uma visão em que um macedônio suplicava: “Venha para a Macedônia e ajude-nos”. Prontamente, Paulo e seu companheiro de viagem seguiram para a Macedônia pois entenderam que Deus queria que declarassem as boas-novas aos irmãos daquela região.

Eles embarcaram em Trôade para a ilha de Samotrácia, após desembarcarem seguiram para Neápolis (atual Kavala) e Filipos, que atualmente pertencem à Grécia. Esse trajeto por terra provavelmente deve ter sido pela Via Egnatia, facilitando a propagação da mensagem sobre Jesus para a região que hoje conhecemos como Europa. Ainda na região da Macedônia, Paulo seguiu para Tessalônica (atual Salônica), cidade que teve o privilégio de recebeu a mensagem de Paulo por meio de duas epístolas.

A disseminação do Cristianismo pela Via Egnatia

A Via Egnatia contribuiu para que a mensagem de fé fosse disseminada pelas cidades por onde Paulo passou. Foi em Filipos, por volta do ano 50 d.C., que Paulo conheceu uma vendedora de tecido de púrpura chamada Lídia, natural de Tiatira (atual Turquia), uma mulher temente a Deus e que logo aceitou a mensagem de Cristo e abriu sua casa para o apóstolo dos gentios (Atos 16:14). A conversão de Lídia e seus familiares deram início à expansão da nova fé na Europa.

Partindo de Filipos, o apóstolo e seus companheiros continuaram sua caminhada pela Via Egnatia chegando a Anfípolis, Apolônia e Tessalônica, onde Paulo falou aos judeus se reuniam no sábado na sinagoga, alcançando muitas vidas (Atos 17:2-4).

Trilhas de São Paulo

A Via Egnatia, assim como a Via Ápia, caiu em desuso ao longo dos séculos, mas deixou partes bem preservadas em muitas regiões. Em Roma, por exemplo, foi criado um parque arqueológico em torno da Via Ápia. Na Grécia, Albânia e Turquia também há partes da Via Egnatia que podem ser visitadas.

Entretanto, os países onde a estrada romana foi construída estão promovendo ações para preservar o pouco que resta. O objetivo é desenvolver e promover os valores culturais e o legado das missões do apóstolo Paulo na Europa. Para isso, as trilhas estão sendo mapeadas para que possam receber peregrinos que desejam passar pelo mesmo caminho que Paulo passou há dois mil anos.

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