Carta de Paulo aos Colossenses reforça o chamado à fé cristã

A mensagem da carta de Paulo aos colossenses era para que os novos convertidos se afastassem de religiões místicas praticadas naquela comunidade.

São Paulo – 30/04/2023

Por Silvana Coelho

A carta de Paulo aos Colossenses reforça o chamado à fé cristã. Afinal, o apóstolo Paulo não se cansava de transmitir a mensagem de Cristo, quer fosse pessoalmente, quer fosse por meio de suas cartas, muitas das quais foram escritas da prisão. Estar aprisionado ou sendo perseguido e torturado não eram empecilhos para bloquear sua obra de propagação do Evangelho.

Assim foi quando esteve em prisão domiciliar em Roma, entre os anos 60 d.C. e 63 d.C. Nesse período, Paulo soube, por meio de Epafras, seu companheiro de prisão, que a fé dos novos convertidos estava sendo distorcida por causa das muitas religiões místicas existentes na região. Sua preocupação com as igrejas implantadas na Ásia Menor era grande e, por isso, escreveu a epístola aos Colossenses (Atos 28:16-31).

Consta que a comunidade de Colossos era formada em sua maioria por gentios e judeus e a mensagem do apóstolo tinha o objetivo de corrigir os erros doutrinários que estavam afastando aquela comunidade da verdadeira fé        (Cl. 1 a 4). Podemos perceber que a epístola de Paulo aos Colossenses reforça o chamado à fé cristã, uma mensagem que é válida para os dias de hoje.

Paulo estava presente, em espírito, na igreja de Colossos

Embora Paulo nunca tenha estado naquela cidade, em sua epístola aos colossenses ele afirma que mesmo “ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza da vossa fé” (Cl. 2:5).

Paulo alertou ainda que os colossenses não deveriam confundir a verdadeira doutrina com as heresias, como o gnosticismo*, que predominavam naquela igreja. Ele alertou para se conscientizarem da nova circuncisão (espiritual), que livra a todos do pecado da carne (Cl. 2:22).

* Os historiadores explicam que o gnosticismo teve origem a partir de diversas seitas religiosas existentes antes do Cristianismo. Entretanto, nos primeiros séculos da era cristã houve uma mistura das duas vertentes até que o gnosticismo fosse declarado como um pensamento herético.

Paulo ensina a abandonar os vícios e a cultivar as virtudes

O apóstolo dos gentios, em sua carta aos Colossenses, destaca a importância de se abandonar os vícios enraizados naquela comunidade, como “a prostituição, a impureza, malignidade e avareza, que são consideradas como idolatria” (Cl. 3: 5-11).

Para o apóstolo Paulo, era necessário que todos os cristãos fossem revestidos de amor, bondade, humildade, mansidão e longanimidade, perdoando e suportando uns aos outros, conforme destaca o livro de Colossenses   (3:12-14). Por isso, a carta de Paulo aos Colossenses é um grande reforço ao chamado à fé cristã, mesmo passados dois mil anos.

Onde fica Colossos

A antiga Colossos foi estabelecida à beira do rio Aksu, no norte da montanha Cadmus, no distrito de Honaz, na província de Denizli (Turquia), localizada a cerca de 20 km de Laodiceia, no Vale do Lico. Era uma das seis cidades da região da Frígia na Ásia Menor no século 5º a.C. A cidade de Colossos foi um grande e próspero centro comercial na principal rota de comércio da época entre a costa do Mar Egeu e a Síria. Entretanto, um terremoto no século I d.C. devastou a cidade e por isso ela perdeu sua importância para Laodiceia e Hierápolis.

Colossos era famosa por sua indústria têxtil que produzia fina lã e ali desenvolveu-se parte da história cristã. A igreja de Colossos, ao que tudo indica, foi fundada por Epafras, companheiro de Paulo em sua jornada de pregar as boas-novas (Cl 1: 7; 4:12 e Filemon 1:23).

Colossos, no Vale do Lico

Antiga cidade de Colossos, no Vale do Lico, na Turquia / Arquivo Pessoal: Silvana Coelho

Escavações arqueológicas em Colossos

Não há muitos detalhes sobre a antiga cidade porque não houve nenhum tipo de trabalho de escavação no local durante muitos anos. Entretanto, a ótima notícia é que as escavações começaram em 2021, lideradas pela Universidade Pamukkale, em Denizli.

A expectativa é que os primeiros anos de trabalho envolverão pesquisas de superfície com o objetivo de analisar a cerâmica e artefatos encontrados no local para depois começarem a escavar no período 2023/24. Entretanto, os artefatos já recolhidos mostram que a ocupação de Colossos aconteceu entre os anos 3.500 a.C. a 1.100 d.C., referentes aos períodos Calcolítico, bizantino e islâmico.

Consta ainda que Colossos era uma cidade de grande importância e hospedou uma das maiores igrejas do Oriente Próximo: a Igreja de São Miguel em homenagem ao arcanjo Miguel por sua cura aos enfermos.

Ao visitar Colossos pude vislumbrar o vale que se estende até o pé da montanha Cadmuz, como deve ter sido a divulgação do Evangelho em tempos tão remotos e com uma infraestrutura precária. É um momento único em que refletimos sobre o verdadeiro amor pela Palavra de Deus e sobre a coragem que aqueles homens e mulheres tiveram diante de tantas perseguições e dificuldades há mais de dois mil anos.

Quem foi Epafras, companheiro do apóstolo Paulo

Pamukkale, em Hierápolis
Piscinas termais de Pamukkale, em Hierápolis / Arquivo Pessoal

Epafras era um seguidor de Jesus e companheiro de Paulo. Natural de Colossos, ele evangelizou nas cidades vizinhas da região do Vale do Licos, como Hierápolis e Laodiceia. Ele foi até Roma e permaneceu aprisionado junto com Paulo – que chamava Epafras “como querido servo”. Nessa ocasião, detalhou a Paulo as informações sobre a situação das igrejas, o que originou as cartas aos Colossenses (Cl. 1:7-9) e a Filemon.

É bom lembrar que a igreja naquela época não era um prédio ou espaço físico (ou placa de igreja) como vemos hoje em nossas cidades. No início, a igreja era representada pelos cristãos que se reuniam nas casas, como a de Filemon (Fl. 2).

Embora não haja muitos detalhes sobre Epafras, sabemos que o apóstolo Paulo, em sua carta aos Colossenses, refere-se a ele com grande admiração. Afinal, Epafras era um servo zeloso e comprometido com o Evangelho e com a doutrina da fé cristã (Cl. 4).

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Até o próximo post!

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