Martinho Lutero e sua Reforma Protestante

Istambul – 27/10/2017 / Atualizado em 20/10/2022

Por Silvana Coelho

Você sabia que a Reforma Protestante de Matinho Lutero completará 505 anos no próximo dia 31 de outubro?

Em 1517, o monge alemão Martinho Lutero (1483–1546) ao publicar suas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, dava início ao movimento reformista que mudaria os rumos da Igreja.

Mas quem foi Martinho Lutero?

Lutero nasceu na cidade alemã de Eisleben no ano de 1483. Ainda jovem, ele começou seus estudos na Universidade de Erfurt e destacou-se nas áreas de Filosofia e Direito. Mas um fato levou Lutero a se dedicar aos estudos da Bíblia Sagrada. Consta que em 1505, durante uma grande tempestade, Lutero foi atingido por um raio e que diante da perspectiva da morte, ele tinha medo de ter que ficar na presença de Deus. Foi então que ele clamou à Santa Ana, padroeira dos mineiros, prometendo se tornar um monge caso sobrevivesse àquela situação.

Dias depois, Lutero decidiu entrar para o Mosteiro Agostiniano e, em 1507, tornou-se monge e prosseguiu sua formação em Teologia na Universidade de Wittenberg, onde também lecionou. Mas Lutero vivia em grande conflito espiritual, sempre buscando entender mais de Deus e como agradá-lo. Lutero passou a se dedicar ainda mais ao estudo das Escrituras, o que o levou a entender que a doutrina da justificação pela fé, através de Jesus Cristo, o levou à paz interior que ele tanto buscava.

Entretanto, ao visitar Roma Lutero se escandalizou com o declínio moral dos religiosos. Por causa dos problemas financeiros devido à custosa construção da Basílica de São Pedro, visando arrecadar fundos, a Igreja introduziu a prática da venda de indulgências, sob a alegação de que as pessoas poderiam obter o perdão de seus pecados por meio de boas ações. Isso ocorreu sob a permissão do Papa Leão X.

Diante disso, Lutero se posicionou contra essa doutrina, defendendo ainda a liberdade de cada indivíduo para interpretar os textos bíblicos e que o homem não é justificado pelas suas obras, mas sim pela fé em Cristo. Ele também acreditava na infalibilidade da Bíblia por ela ser inspirada pelo Espírito Santo e que qualquer pessoa deveria ter acesso ao texto bíblico, até então escrito em latim.

Matinho Lutero começou então sua pregação contra as indulgências e as práticas até então em vigor pela Igreja. Com o passar do tempo suas ideias foram ganhando mais e mais adeptos até que em 31 de outubro de 1517 ele afixou suas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha.

Consequências da Reforma Protestante

A publicação de suas teses dava início à Reforma Protestante, um movimento cujas consequências causaram grande impacto na sociedade, como a redução da influência e do poder da Igreja Católica na Europa; o surgimento de novas igrejas cristãs; a diminuição da interferência da Igreja Católica no poder político; a tradução da Bíblia para outros idiomas, permitindo que mais pessoas tivessem acesso à leitura dos textos bíblicos; e o surgimento de movimentos sociais visando a implantação de um sistema social mais justo.

Por outro lado, a Igreja Católica reagiu contra a Reforma Protestante reativando a Inquisição e o combate ao protestantismo. Surgiram então muitos conflitos sociais devido a questões religiosas o que gerou ainda mais perseguições. Igrejas foram destruídas e padres, monges e seus seguidores foram mortos, muitos dos quais queimados vivos.

Com a Reforma, um maior número de pessoas passou a ter acesso à mensagem das Escrituras. Hoje são milhões por todo o mundo, inclusive em países de maioria muçulmana. Entretanto, mesmo depois de 505 anos, as perseguições continuam e professar a fé cristã em muitos locais é colocar a vida em risco e enfrentar uma luta em todos os aspectos da vida, seja cultural, social, espiritual e até mesmo no convívio com seus familiares.

A luta iniciada por Lutero há 505 anos não foi fácil nem em vão. Esse modo diferente de pensar levou à disseminação da mensagem bíblica, permitindo o crescimento da igreja cristã, em especial a igreja evangélica. No Brasil, o número de pessoas que declaram a fé evangélica é de aproximadamente de 46 milhões de habitantes, de acordo com o Censo realizado pelo IBGE em 2010.

Hino Castelo Forte

Martinho Lutero também escreveu diversos hinos. Em 1521, ele compôs “Castelo Forte” com base no Salmo 46 (“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia…”), que se tornou o Hino da Reforma Protestante.

Ao longo da história, diversos autores transformaram esse hino em obra musical para homenagear o movimento reformista de Martinho Lutero. Entre os quais estão:

Mendelsohn: (https://www.youtube.com/watch?v=byA_QQiSvkQ)

Hilsong: Banda australiana que fez uma versão em inglês (https://www.youtube.com/watch?v=JYOGKVZ7ltU)

No Brasil, o hino também é ministrado nas igrejas:  (https://www.youtube.com/watch?v=8dKPCvUGJfo).

Para conhecer mais sobre a vida de Martinho Lutero e sua importância para a fé cristã acesse: https://www.youtube.com/watch?v=2FjDVMBKHgw

Letra de “Castelo Forte” (Harpa Cristã – versão em português)

Castelo forte é nosso Deus
Espada e bom escudo
Com seu poder defende os seus
Em todo transe agudo
Com fúria pertinaz
Persegue Satanás
Com artimanhas tais
E astúcias tão cruéis
Que iguais não há na Terra

A nossa força nada faz
Estamos, sim, perdidos
Mas nosso Deus socorro traz
E somos protegidos
Defende-nos Jesus
O que venceu na cruz
Senhor dos altos céus
E sendo o próprio Deus
Triunfa na batalha

Sim, que a palavra ficará
Sabemos com certeza
E nada nos assustará
Com Cristo por defesa
Se temos de perder
Os filhos, bens, mulher
E, embora a vida vá
Por nós Jesus está
E dar-nos-á seu reino

Selo comemorativo 500 anos da Reforma Protestante

No Brasil, foram programados diversos eventos para comemorar os 500 anos da Reforma Protestante, além do lançamento de vários livros sobre o tema. Outros países também se organizaram para comemorar a data. Na Itália, por exemplo, um selo comemorativo pelos 500 anos da Reforma foi lançado em 2017 pelos Correios italianos, segundo informações da Rádio Vaticano.

A imagem impressa no selo retrata a pintura de Lucas Cranach intitulada “Crucificação”. A cena mostra Cristo pregado na cruz, simbolizando que seu sacrifício de salvação para a humanidade. À esquerda, sua figura lembra que, ao ressuscitar, vence a morte e o demônio. Logo abaixo, à direita da cruz, estão João Batista, que indica com a mão direita o Cristo e com a esquerda o cordeiro. Ao seu lado está o pintor Lucas Cranach (o “velho”), sobre cuja cabeça é derramado o sangue que jorra da ferida no peito de Jesus. Finalmente, Martinho Lutero, com a Bíblia aberta nas mãos.

 

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