Tarsus: cidade do apóstolo Paulo

Istambul – 01/03/2017

20170226_114842O carnaval é para muitos brasileiros um período de folia, bebedeira e samba. Mas para outros pode ser um momento de retiro espiritual e de conhecimento mais aprofundado da história bíblica. Esse foi o nosso caso. Embora na Turquia não tenha feriadão de carnaval, aproveitamos o final de semana para conhecer a cidade de Tarsus, onde nasceu o apóstolo Paulo, um local de peregrinação para os cristãos.

O apóstolo era chamado de Saulo de Tarso, mas como também era cidadão romano ele recebeu o nome de Paulo. Antes de se converter ao Cristianismo, Paulo foi um grande perseguidor de cristãos (Gálatas 1:11-14), que zelava pelas tradições judaicas e pela Lei de Moisés. Mas quando estava a caminho de Damasco, Paulo teve uma visão com Jesus, que lhe perguntou porque ele perseguia os cristãos. A partir daí Paulo se converteu e passou a pregar o Evangelho pela Ásia Menos (atual Turquia).

Ao longo de suas viagens missionárias pela Ásia e Europa, Paulo ajudou a transformar a vida de muitos por onde passava, que deixavam as práticas idólatras, pagãs e promíscuas. Seu trabalho foi realmente bem-sucedido e Paulo, apesar das ameaças, perseguições e prisões que sofreu, não perdeu a fé. Pelo contrário, continuou perseverante, ensinando que se deve seguir em frente, “olhando para o alvo, que é Cristo”.

Nosso roteiro começou em Istambul de onde partimos num voo para Adana (1h30 de viagem), e seguimos de carro até Mersin (em torno de 50 Km). Entre as duas cidades está Tarsus, que durante o Império Romano foi a capital da província da Cilícia e um local importante por onde passaram muitas civilizações.

20170226_112516Tarsus oferece aos visitantes alguns pontos turísticos históricos como o Poço de São Paulo, um museu a céu aberto (a entrada custa 5 Liras Turcas e aceita-se o cartão de museus, Muzesi Kart, que dá acesso gratuito a qualquer museu). No local há ruínas de uma antiga casa onde o apóstolo teria morado e o poço onde ele retirava água. Tivemos o privilégio de beber dessa água, fresquíssima, e meditar sobre a importância de estarmos pisando o chão que um seguidor de Cristo também pisou milhares de anos atrás. No entorno do poço há ainda muitas casas antigas.

Visitamos a Igreja de São Paulo, hoje transformada em museu (a entrada custa 5 TL e pode-se usar o Muzesi Kart). No teto da igreja pode-se ver pinturas de Jesus e dos apóstolos João, Mateus, Marcos e Lucas. Há outras curiosidades: Tarsus foi também o local do primeiro encontro entre Marco Antônio e a rainha Cleópatra, por isso há um portal na entrada da cidade com o nome de Portão de Cleópatra; há ainda uma antiga estrada do período romano. O local é fechado a visitação, mas como há buracos na cerca de arame por onde conseguimos entrar. É uma pena ver um local com tanta importância histórica abandonado e sem os devidos cuidados.

20170226_135346Outro importante personagem bíblico também teria vivido em Tarsus, o profeta Daniel. Acredita-se que na cidade estaria a tumba de Daniel, que viveu durante o reinado de Nabucodonossor, rei da Babilônia. Segundo o texto bíblico, o rei teve um sonho em que via o filho de um israelita tomando o trono, por isso mandou matar todos os filhos nascidos de israelitas. O pequeno Daniel foi, então, deixado numa cova e cresceu ao lado de dois leões.

A localização de sua tumba ficou esquecida por muito tempo. Somente no século 17 ela foi reaberta e o corpo encontrado tinha um anel com a figura de dois leões lambendo uma criança, o que levou os especialistas a entenderem que se tratava do profeta Daniel. Porém, há informações de que outros países, como os Uzbequistão, também clamam para si o local onde estaria sua tumba. Bem, seja como for, o local fica no centro da cidade logo após o Portão de Cleópatra e está cercado por vidros. Lá dentro podemos ver as ruínas da antiga cidade e da tumba do profeta. Lembre-se de que as mulheres devem usar um lenço cobrindo a cabeça para entrar.

Pompeiopolis

20170225_175348Também visitamos, em Mersin, o que restou do antigo porto de Pompeiopolis (antiga Soli), que remonta à metade do segundo milênio antes de Cristo. A cidade foi controlada por Alexandre, o Grande, e nos tempos helenísticos, ficou sob o domínio da dinastia Seleucida. Ela cresceu e prosperou, mas perdeu gradualmente a sua importância e passou por um período difícil.

O renascimento da cidade ocorreu com a chegada do general Romano Pompeu à Ásia Menor, em 68 a.C., que usou Soli como base naval durante a campanha contra os piratas da Cilícia. Após a vitória sobre os piratas, a cidade foi conhecida como Pompeiopolis, em homenagem ao grande líder. A cidade foi cercada por novas muralhas defensivas e muitos edifícios públicos e estradas foram construídas e o porto expandido. Mas depois de novas invasões e terremotos, a cidade perdeu sua importância e hoje sobraram apenas ruínas como as 41 colunas ao longo de sua estrada principal.

Há ainda outros pontos que merecem ser visitados, como o piso de mosaico no museu  das Três Graças, em Narlikuyu, que retrata a imagem das três filhas do deus Zeus; e o Kizkalesi, um castelo que fica no mar e outra parte fica em terra.

Enfim, ao longo das estradas observamos que as cidades modernas foram sendo erguidas em meio as ruínas de cidades antigas. Dá até tristeza de imaginar que nesses locais poder ter alguma história ainda não revelada. Só nos resta lamentar que o ser humano não tem nenhum apego ao passado e não contribui para a preservação desses importantes sítios arqueológicos.

 

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