Terrorismo apaga o brilho de uma cidade pulsante
Nesses quase dois anos vivendo em Istambul nos acostumamos a ver uma cidade viva, movimentada, cheia de gente e repleta de turistas o tempo todo e com seu comércio que funciona quase 24 horas por dia.
Mas nesse fim de semana (18 e 19/03), após o atentado a bomba ocorrido na Avenida Istiklal – principal rua de comércio de Istambul – que matou pelo menos cinco pessoas e deixou 36 vítimas, entre eles muitos estrangeiros, o que vimos foi uma cidade vazia, apagada.
Não havia o caótico trânsito de todo dia, poucas pessoas nas ruas, nos restaurantes, nos shoppings centers. O metrô também estava completamente vazio, algo inusitado para um fim de semana em Istambul.
Como disse uma amiga que vive aqui há muitos anos e é casada com um turco, “estou muito triste pelos meus turquinhos”. Realmente, dá muita tristeza não apenas pelos turcos e estrangeiros que visitam o país ou que estão aqui por questão de trabalho e que terão de conviver com a expectativa de atentados, não se sabe por quanto tempo, mas pelos reflexos que isso causará na economia, principalmente.
Desde os últimos atentados e da derrubada de um caça russo por parte da Turquia o turismo não é mais o mesmo. Os milhares de russos também desapareceram desde então. E os navios de cruzeiros já eliminaram Istambul de seus roteiros de viagem, que a cada dia chegavam com mais de duas mil pessoas em cada um.
E agora, com a iminência de novos atentados, realmente a situação para o turismo realmente está ficando mais difícil. As agências de viagens dizem que o movimento de turistas caiu cerca de 60% desde o ano passado.
E há duas semanas estivemos em um restaurante especializado em peixes, perto da Torre de Gálata, que estamos acostumados a frequentar e o chefe de cozinha nos disse que por causa da queda de turistas, eles não vão mais servir refeições à base de peixe a partir de maio. Mas apenas café da manhã e lanches, uma forma de adaptação para não fechar o estabelecimento. Segundo ele, os demais restaurantes estão reclamando da falta de movimento também.
Infelizmente, tudo isso ocorre porque o governo turco alega que os curdos, ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), são terroristas, e por isso está atacando-os militarmente; além dos ataques contra o Estado Islâmico.
Enfim, uma briga que ainda deve demorar muito tempo para ser solucionada e que, com certeza, ainda vai causar muita tristeza nesse país, que já aprendemos a amar. Que a paz volte a reinar na Turquia!