Mileto: entre ruínas e pensamentos filosóficos
Istambul – 15/04/2020
Por Silvana Coelho
A cada viagem pela Turquia nos deparamos com mais e mais cidades históricas, como a antiga Mileto (atual Balat), localizada no distrito de Didim, província de Aydin. Para quem não sabe, foi nessa antiga colônia grega da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia, que nasceu Tales de Mileto (624-558 a.C.), um dos mais importantes filósofos da Antiguidade. Ele foi fundador da Escola de Mileto ou Escola Jônica, além de ter sido também astrônomo e matemático. Foi por aqui também que passou o apóstolo Paulo em uma de suas viagens missionárias para propagar o Evangelho.
Mileto destaca-se por ter sido: a) uma das mais importantes cidades da Liga Jônica em um período de 1400 anos (700 a.C. – 700 d.C.); b) o mais antigo assentamento jônio; c) uma das primeiras cidades a cunhar moedas na Antiguidade. No passado, Mileto era privilegiada por ter quatro portos na foz do Rio Menderes. Foi dominada pelos persas, fez parte dos Impérios Romano e Otomano. Nesse último período entrou em declínio devido ao assoreamento do porto.
Ao visitar a cidade, há muitas coisas para se ver. Da antiga metrópole sobraram muitas ruínas, como as da Ágora; do Banho de Faustina, um complexo com bebedouros e estátuas, construídos em homenagem à esposa de Marco Aurélio; do Teatro romano do 2º século d.C., com capacidade para cerca de 15 mil pessoas; o Bouletério, sede do parlamento, construído em 175-164 a.C. Há ainda o museu de Mileto, pequeno, mas com diversas peças em exposição, como esculturas, utensílios de cerâmica e objetos decorativos.
Apóstolo Paulo visita Mileto
Em sua terceira viagem missionária rumo a Jerusalém, o apóstolo Paulo visitou Assos e, em seguida, foi para Mileto (At 20:15), de onde mandou chamar os presbíteros de Éfeso, uma distância de cerca de 60 km entre as duas cidades. “De Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja.” (At 20:17).
De acordo com o Livro de Atos (At 20:17-38), Paulo falou sobre as dificuldades em servir ao Senhor desde que havia entrado na Ásia. Em seu relato, ele conta que sofreu perseguições e diversas ciladas impostas pelos judeus, mas que mesmo assim continuou testificando sua fé em Cristo.
Na Bíblia há também uma referência à cidade de Mileto nas saudações finais da epístola que Paulo escreveu ao Timóteo: “Saúda Prisca, e Áquila, e a casa de Onesíforo. Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto.” (2 Tm 4:19 – 20).