Morre o Papa Francisco aos 88 anos

O pontificado do Papa Francisco foi marcado por mudanças importantes ao longo de doze anos.
Por Silvana Coelho – 21/04/2025

O ano de 2025 está sendo marcado por dois grandes eventos em Roma: o primeiro, é a celebração do Ano do Jubileu ou “Ano do Perdão”, aberta na véspera do Natal de 2024 e que seguirá em vigor até 6 de janeiro de 2026; já o segundo é a morte do Papa Francisco, hoje aos 88 anos.
O padre argentino Jorge Mario Bergoglio assumiu como Papa no Vaticano em 13 de março de 2013, após a renúncia do Papa Bento 16 e desde então mostrou-se um líder simples e humilde. Preferiu viver na Casa Santa Marta ao invés das acomodações mais luxuosas às quais os papas têm direito.
Opção pelos pobres e imigrantes
Seu pontificado foi marcado pelas viagens por vários países levando uma mensagem de amor e esperança, pelas reformas e reestruturações eclesiais, e tornou evidente seu compromisso pela paz com o fim de tantas guerras, pelos pobres e migrantes.
Um Papa pioneiro
O site de comunicação oficial do Vaticano, o Vatican News, no qual tive a honra de já ter sido entrevistada em 2022, traz um relato sobre a vida do Papa Francisco, que foi pioneiro em muitas ocasiões, conforme destacamos a seguir.
Francisco foi o primeiro Papa jesuíta e originário da América Latina, o primeiro a escolher o nome Francisco sem um numeral e a ser eleito com seu antecessor ainda vivo, o primeiro a residir fora do Palácio Apostólico e a estar em terras nunca antes visitadas por um pontífice (do Iraque à Córsega).
Foi o primeiro Papa a assinar uma Declaração de Fraternidade com uma das mais importantes autoridades islâmicas. Foi pioneiro ainda a: se equipar com um Conselho de Cardeais para governar a Igreja e a atribuir funções de responsabilidade a mulheres e leigos na Cúria, a lançar um Sínodo que envolvia diretamente o povo de Deus, a abolir o segredo pontifício para casos de abuso sexual e a remover a pena de morte do Catecismo.
Doze anos se passaram desde sua eleição em 2013, período em que visitou algumas vezes a Basílica Santa Maria Maggiore. Por ser devoto de Santa Maria, expressou em testamento seu desejo de ser sepultado nesse local.
Sempre falando aos fiéis que lotavam a Praça São Pedro, Papa Francisco tinha grande proximidade com o povo, desde as visitas aos funcionários do Vaticano nos seus escritórios, com as celebrações da Quinta-feira Santa em prisões, asilos e centros de acolhimento, durante suas viagens apostólicas, como a primeira feita ao Brasil em 2013.
A primeira visita de um Papa ao Iraque
De acordo com o Vaticano, o Pontífice argentino realizou quarenta e sete peregrinações internacionais para eventos evangelísticos, encontro com autoridades, entre outros motivos.
No Iraque, em 2021, Francisco classificou a viagem como surpreendente, embora tenha sido desaconselhada porque seria feita durante a pandemia e com riscos por causa de sua saúde e questões de segurança. Ele não se intimidou e visitou Bagdá, Ur, Mosul onde viu vilarejos com as marcas do terrorismo. Para ele foi a “mais bela” viagem, pois foi o primeiro Papa a pisar na terra de Abraão e a conversar com o líder xiita Al-Sistani, que assumiu o poder recentemente.
Apesar da idade avançada, o Papa Francisco realizou em setembro de 2024, aos 87 anos, uma viagem pela Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Cingapura. Foram quinze dias, dois continentes, quatro fusos horários e 32.814 km percorridos de avião. Os principais temas abordados pelo Magistério foram: fraternidade e diálogo inter-religioso, periferias e emergência climática, reconciliação e fé, riqueza e desenvolvimento a serviço da pobreza.
O Pontífice também esteve na Terra Santa (2014), à cidade de Lund, na Suécia (2016) para as celebrações do 500º aniversário da Reforma Luterana, ao Canadá (2022) com o pedido de perdão às populações indígenas pelos abusos sofridos por representantes da Igreja Católica, entre outros locais.
As encíclicas de Francisco
De acordo com Vatican News, “as experiências, os diálogos e os gestos vividos nessas viagens fluíram para os documentos do pontificado, sendo elas quatro encíclicas: a primeira, Lumen Fidei, sobre o tema da fé; depois, Laudato si’, um grito para invocar uma “mudança de rumo” para a “casa comum”, em crise pelas mudanças climáticas e pela exploração excessiva, e para estimular ações para erradicar a miséria e para o acesso equitativo aos recursos do planeta.
A terceira encíclica, a Fratelli Tutti, fruto do Documento de Abu Dhabi, profecia – antes da deflagração de novas guerras – da fraternidade como o único caminho para o futuro da humanidade. Por fim, a Dilexit Nos para repercorrer a tradição e a atualidade do pensamento “sobre o amor humano e divino do coração de Jesus” e lançar uma mensagem a um mundo que parece ter perdido seu coração”.